Deu no IG: resistência da CUT barra Vaccarezza

Segundo texto publicado hoje no IG, as críticas que fizemos contra as declarações de Vaccarezza à revista Veja precipitaram o fim do sonho do parlamentar de se tornar presidente da Câmara dos Deputados.

Nossa intenção não era barrar ninguém, mas demovê-lo de algumas ideias que consideramos contrárias aos interesses dos trabalhadores.

Leia críticas publicadas por este blog clicando aqui.

Leia a resolução aprovada pela Executiva Nacional da CUT sobre o mesmo tema clicando aqui.

Leia a seguir o texto do IG:

Oriundo da corrente interna Novos Rumos, Vaccarezza perdeu o apoio da ala majoritária Construindo Um Novo Brasil (CNB), que se uniu aos grupos Mensagem Partido, Movimento PT e Articulação de Esquerda. Vaccarezza também passou a sofrer oposição da CUT sobretudo após declarações a favor da reforma trabalhista em entrevista à revista Veja, duas semanas atrás. O tom de “já ganhou” também irritou os colegas.

Como líder do governo nos últimos meses, Vaccarezza articulou sua candidatura fora do partido. Logo após a eleição em outubro, conseguiu uma declaração de apoio do presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ). No entanto, não percebeu o movimento de seu próprio partido.

Na semana passada, selou o revezamento no comando da Câmara com o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que até então também se apresentava como candidato. Neste primeiro biênio da legislatura, a presidência ficará com um petista e nos dois anos seguintes com um peemedebista.

Apesar de contar com o apoio implícito do CNB e do Planalto, Vaccarezza teve de assistir o lançamento de candidaturas do atual primeiro vice-presidente Marco Maia (RS) e do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP). Os dois também são do CNB.

Outro que se lançou foi Arlindo Chinaglia (SP), da corrente Movimento PT. Apesar de ser uma ala minoritária, Chinaglia foi presidente da Câmara entre 2007-2009. Nesta terça-feira, foi o primeiro a desistir para apoiar Marco Maia em detrimento a Vaccarezza.

Em princípio, a corrente Mensagem ao Partido negociou apoio a Vaccarezza. Seu principal objetivo era emplacar Paulo Teixeira (PT-SP) como líder da bancada. No entanto, ao perceber a a articulação das outra correntes acabou apoiando Maia na reta final.

1 comentário

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Uma resposta para “Deu no IG: resistência da CUT barra Vaccarezza

  1. Denis Libanio

    15/12/2010 – Folha/UOL – Blog do Josias
    Movido a fisiologismo, PT impõe a Dilma a 1ª derrota
    A implosão da candidatura de Cândido Vaccarezza à presidência da Câmara vai à crônica da transição como a primeira derrota imposta pelo PT a Dilma Rousseff.
    Preferido de Dilma e da direção do PT, Vaccarezza foi engolido pelo apetite fisiológico de grupos do PT desatendidos na composição do ministério.
    Cavalgando as insatisfações, Marco Maia, que iniciara a semana como azarão, tornou-se o candidato da legenda numa “votação” invisível.
    Estavam em jogo os votos dos 88 deputados que compõem a bancada do PT. Havia em Brasília apenas 79. Esram três os candidatos no páreo. Além de Vaccarezza e Maia, Arlindo Chinaglia.
    Esboçava-se uma disputa em dois turnos. Curiosamente, Maia era, entre os três postulantes, o que somava menos votos.
    Se levada às últimas consequências, a disputa resultaria num segundo round em que mediriam forças Vaccarezza e Chinaglia.
    Nesse cenário, Vaccarezza tendia a prevalecer sobre o rival. Ao farejar o cheiro de queimado, Chinaglia abdicou da disputa em favor de Maia, vitaminando-o.
    Produziu-se, então, a reviravolta. Vaccarezza foi à calculadora. Verificou que, dos 79 petistas presentes na Capital, 37 votariam nele e 42 optariam por Maia.
    Na contabilidade de Maia e Chinaglia, o vexame seria maior. Vaccarezza teria contra si um placar que roçaria os 50 votos.
    Ao se dar conta de que virara um ex-favorito, Vaccarezza tocou o telefone para o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Nessa conversa, jogou a toalha.
    Sem rivais, o ex-metalúrgico Maia, um apagado vice-presidente da Câmara, foi aclamado candidato oficial do petismo ao comando da Casa.
    Refazendo-se a trilha que conduziu ao triunfo de Maia, percebe-se um rastro de fisiologismo de fazer corar os profissionais do PMDB.
    Na federação de correntes que coabitam o PT, Vaccareza integra o grupo mais numeroso. Antes do mensalão, chamava-se Campo Majoritário. Depois, foi rebatizado: CNB (Construindo um Novo Brasil).
    Até a semana passada, Vaccarezza estava fechado com a segunda maior corrente do petismo: Mensagem ao Partido.
    O interesse da ‘Mensagem’, sob cujo guarda-chuva se abrigam Tarso Genro e José Eduardo Cardozo, era o de acomodar Paulo Teixeira (SP) no posto de líder da bancada.
    Ao presentir que a saída de Chinaglia (do Movimento PT, terceira maior corrente) produzira uma mudança nos ventos, a turma da Mensagem ajeitou-se com Maia.
    O grupo de Tarso (governador gaúcho eleito) e de Cardozo (ministro indicado da Justiça) inclui vários petistas egressos de outra corrente: a DS.
    A sigla identifica a Democracia Socialista. Grupo miúdo, mas barulhento. Sob os dois reinados de Lula, geriu a pasta do Desenvolvimento Agrário.
    Um ministério que Dilma resolveu agora entregar a Maria Lúcia Falcón, petista apadrinhada pelos governadores Jaques Wagner (BA) e Marcelo Déda (SE).
    Abespinhado, o aparelho da DS, que já torcia o nariz para Vaccarezza, decidiu dar o “troco” em Dilma e na direção do PT. Aderiu a Maia.
    Julgando-se subrepresentado na Esplanada, o PT de Minas Gerais também pegou em lanças contra o que chamou de “paulistério”.
    Descontente desde a eleição, quando o PT federal obrigou-o a digerir Hélio Costa (PMDB), o petismo de Minas direcionou oito votos para o cesto de Maia.
    A aversão a Vaccarezza, escora-se, também aqui, na inanição ministerial. Amigo de Dilma, o mineiro Fernando Pimentel foi à pasta do Desenvolvimento Industrial.
    Minas queria mais, contudo. Insinuara interesse na recondução de Patrus Ananias à pasta do Bolsa Família (Desenvolvimento Social). E nada.
    Em nova investida, o PT-MG indicou para o Ministério da Cultura um auxiliar mineiro de Lula que parece nem desejar o cargo: Luiz Dulci, atual secretário-geral do Planalto.
    A fome por cargos mastigou também a unidade do majoritário CNB, o grupo de Vaccarezza.
    Dois expoentes dessa facção –o ex-presidente do PT Ricardo Berzoini (SP) e o ex-líder Mauricio Rands (PE) – suaram a camisa contra o preferido de Dilma.
    Berzoini e Rands reforçaram a opção vitoriosa sem constrangimentos, já que Marco Maia, como Vaccarezza, também integra o CNB.
    De novo, há por trás do movimento, apetites não saciados. Rands queria ser ministro. Mirava na Cultura. Mas era candidato a qualquer pasta.
    Berzoini, empurrado por Lula para fora do núcleo decisório da legenda, irritou-se com a entrega da pasta da Previdência, antigo feudo de seu grupo, para o PMDB.
    Há dez dias, cercada de PMDB por todos os lados, Dilma e seus operadores queixavam-se da fome do sócio. Escutam agora os ruídos do estômago do PT.
    O apetite petista é antigo. Mas há uma diferença: Lula servia pratos feitos à sua legenda. Sob Dilma, o PT avisa que será diferente.

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